CANTÃO DE BORACEIA - FOTO ROSELI JAN/10 - AONDE RESIDE O MEU CORAÇÃO

O DASA MAHAVIDYA ENTRA NUM FLUXO DE REEDIÇÃO.AO RELER VÁRIOS ESCRITOS AQUI POSTADOS, FICO PASMA E ENVERGONHADA. TOMO CONSCIÊNCIA DA DIMENSÃO DE MINHAS FACETAS DE MULHER. ALGUMAS BRILHANTES , OUTRAS TENEBROSAS.ENFIM PRESERVO AS TENEBROSAS, POIS NINGUÉM FOGE DO QUE É. E QUEM SABE AO REMEXER NESTES CASTELOS DE AREIA, EU ENFIM CONSIGA SARAR AS MINHAS FERIDAS.



QUANDO ALGO DEIXA DE EXISTIR ....NÃO HÁ O QUE DESCREVER....RESTA A LEMBRANÇA....QUE CADA UM PRESERV

QUANDO ALGO DEIXA DE EXISTIR ....NÃO HÁ O QUE DESCREVER....RESTA A LEMBRANÇA....QUE CADA UM PRESERV

DASA MAHAVIDYA - KAMLA

O DASA MAHAVIDYA
livro de areia
atemporal
tal qual as minhas lembranças.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

2010

2010

Assim amanheço neste primeiro domingo de 2010, um nó na garganta, lagrima entalada, que insistem em não derramar. Volto ao meu livro de areia.
Forma redigida há um ano atrás, num impulso naquela época reeditei este Dasa Mahavidya, não entendia o impulso de transformar este blog num Livro de Areia. Hoje compreendo que era época do nada e do tudo, da fragilidade de nossas construções. Assim eu vi as esculturas de areias, ruírem. Uma a uma...Esculturas de sonhos, desejos, realizações. Tão efêmeras...Efêmeras...Frágeis...Diante do tempo governado por Dasa Mahavidya Kali.
Só aquele visitado por Dasa Mahavidya Bhuvaneswari, experiência do desnudar das carnes, dos véus que revestem os universos densos desta frágil e ilusória realidade do “TER”. Adentra os Vales das Mandalas de Areia, sinônimo da inconstância, vulnerabilidade do “Ser”. Cada grão de areia contém a centelha quântica de nossas construções sutis e concretas.
Assim, no primeiro minuto de 2010, nós, Família Montanari, unidos nos abraços selados pela esperança e angustia. De pés descalços tocando a terra que um dia foi alicerce de nosso Lar. Construção edificada há 100 anos, herança de meus avós, vitimada pela explosão da pólvora -ganância- poder , jaz como pó e areia. Assim entre lagrimas, choro de quem perdeu a moradia de seu Lar, mas não o amor. Pactuamos a construção de novos alicerces e paredes. Novos, pois nada trará o antigo de novo.

E lá se foi 2009, embora os seus dissabores ainda estejam grudados na pele, como sujeira que insiste em não ser lavada. Talvez porque ainda contenha os sabores da generosidade degustada neste 365 dias de 2009. Como já disse nos momentos de “crise” o pior do ser humano vem à tona, bem como o seu melhor. Degustei desses dois sabores e escolho os doces sabores da generosidade anônima, obra de Dasa Mahavidya Tara.
Assim fui acalentada por Tara neste 2009, antigos amigos vem e me resgatam das garras de zumbis traiçoeiros, sedentos de vinganças. E quando a tragédia se abate sobre a minha família, muitas foram às mãos e braços, conhecidos e desconhecidos, que nos acolheram, e sustentaram a nossa superação.
Namastê a tanta generosidade e compaixão, que ainda nutre a minha alma, preenchendo com carinho as entranhas devastadas do meu ser . Lambendo todos os dias as minhas feridas que ainda purgam.
As chuvas de dádivas que jorram das mãos de Tara me fazem jubilosa, por ser merecedora. Mérito de quem não esconde e nem se arrepende de ser o que é. Desnuda em suas faces, facetas humanas apenas.
Assim deixo os vales percorridos em 2009, descalça, desnuda levando na face o sorriso desnorteado de quem sobreviveu.

Namastê a todos que generosamente acolheram a mim e a minha família, que nos ajudaram a construir um teto, um lar para nos abrigarmos.
Grata a doação de alimento, estadia, dinheiro, mobília e aos braços que executaram a labuta de resgatar o que sobrou. Os colos nos quais debruçamos nossos corações para abrigar nossa angustia e desespero. E ao Bom Humor que resgatou os nossos risos.

Roseli T. Montanari

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