CANTÃO DE BORACEIA - FOTO ROSELI JAN/10 - AONDE RESIDE O MEU CORAÇÃO

O DASA MAHAVIDYA ENTRA NUM FLUXO DE REEDIÇÃO.AO RELER VÁRIOS ESCRITOS AQUI POSTADOS, FICO PASMA E ENVERGONHADA. TOMO CONSCIÊNCIA DA DIMENSÃO DE MINHAS FACETAS DE MULHER. ALGUMAS BRILHANTES , OUTRAS TENEBROSAS.ENFIM PRESERVO AS TENEBROSAS, POIS NINGUÉM FOGE DO QUE É. E QUEM SABE AO REMEXER NESTES CASTELOS DE AREIA, EU ENFIM CONSIGA SARAR AS MINHAS FERIDAS.



QUANDO ALGO DEIXA DE EXISTIR ....NÃO HÁ O QUE DESCREVER....RESTA A LEMBRANÇA....QUE CADA UM PRESERV

QUANDO ALGO DEIXA DE EXISTIR ....NÃO HÁ O QUE DESCREVER....RESTA A LEMBRANÇA....QUE CADA UM PRESERV

DASA MAHAVIDYA - KAMLA

O DASA MAHAVIDYA
livro de areia
atemporal
tal qual as minhas lembranças.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Sakiamuni e a Tigresa

Sakiamuni e a Tigresa
Estória recontada por Thrangu Rinpoche.
Em Savati, vivia uma velha mulher, cujos dois filhos roubavam freqüentemente. Eles acabaram sendo apanhados, levados diante de um juiz, julgados e condenados à morte. Seguidos pela mãe, sendo levados por pessoas de castas inferiores para o local da execução, viram o Buda vindo a uma certa distância.
A velha mãe se prostrou diante dele e fez um apelo: "Senhor dos deuses, olhe para nós com compaixão! Salve a vida de meus filhos, que estão prestes a morrer!" O Tatagata Buda ouviu e olhou-os com compaixão. Para salvar aquelas vidas, mandou Ananda fazer um apelo ao rei em benefício dos condenados. O rei, ouvindo os pedidos do Buda, soltou-os.
Eles ficaram extremamente felizes com a enorme bondade do Buda e imediatamente saíram à sua procura. Quando o encontraram, inclinaram a cabeça até o chão e uniram as mãos numa súplica: "Senhor dos deuses, por causa de sua enorme bondade poderemos viver o resto de nossas vidas. Então, por favor, olhe para nós com compaixão e conceda-nos a ordenação, para que assim possamos seguir o Darma."
O Buda respondeu: "Isto é ótimo." E imediatamente os cabelos e bigodes dos irmãos desapareceram de suas cabeças e suas roupas viraram cor de açafrão.
Por causa de sua inabalável confiança no Buda e porque este lhes deu os ensinamentos do Darma de que precisavam, eles alcançaram o estado dos arhats, eliminando todos os vestígios de obscurecimentos — os kleshas, ou emoções perturbadoras, conhecidos como cinco venenos: ignorância, desejo, raiva, orgulho e inveja. A velha mãe, através dos ensinamentos do Darma, alcançou o estado dos que não têm de renascer novamente.
Diante disso, Ananda proclamou: "Nós testemunhamos algo fantástico! Estas são as qualidades do Buda." Consigo mesmo, no entanto, pensou: "O que terão feito esta mãe e seus filhos no passado para, depois de um encontro com Bagavan Buda, não apenas escaparem de uma grande infelicidade, como também chegarem à felicidade do nirvana e a todos os benefícios que podem ser adquiridos em uma só vida?"
O Buda, sabendo o que Ananda pensava, disse-lhe: "Não ajudei essa mãe e seus filhos apenas nesta vida. Eu os ajudei com grande bondade num passado muito distante." Ananda então pediu, "Por favor, conte-nos como os ajudou num passado muito distante".
O Buda então contou:
"Muito tempo atrás, há incontáveis kalpas, vivia neste mundo um rei chamado Maharata (grande condutor) que tinha poder sobre cinco mil governantes regionais. Ele tinha três filhos. O mais velho se chamava Maharava (Grande Som), o do meio Mahadeva (Grande Divinidade) e o mais moço Mahasatva (Grande Ser). O mais moço, Mahasatva, sempre tivera muito amor e compaixão, mesmo quando criança. Sentia isso por todos os seres como se cada um fosse seu único filho.
Um dia, o rei e seus ministros, junto com a rainha e os príncipes, saíram do palácio para passear pelo campo. Enquanto o grupo descansava um pouco, os três príncipes deixaram o lugar e mergulharam nas profundezas da floresta. Lá, encontraram uma tigresa. Ela tinha tido filhotes, mas, sem nada para comer ou beber há muito tempo, tentava comer os próprios filhos.
Mahasatva disse aos irmãos, "Esta tigresa está sofrendo. Ela está tão fraca e magra que vai morrendo e quer até comer seus filhos recém-nascidos". Eles responderam, "Sim, o que você diz é verdade".
E ele perguntou, "O que uma tigresa come?".
Responderam-lhe que ela só comia carne crua e sangue quente de algum corpo morto há bem pouco tempo.
"Podemos conseguir algo assim para ela, para salvarmos sua vida?", perguntou Mahasatva.
"Dificilmente", disseram os irmãos mais velhos.
Isso levou Mahasatva a refletir: "Venho dando voltas e voltas em samsara, despediçando um incontável número de vidas e de corpos. Joguei fora minhas vidas por causa do desejo, da raiva ou da estupidez. Qual é o melhor uso que posso dar agora a este corpo, que nunca foi útil para acumular mérito para a prática do Darma?" Pensando assim, tomou uma decisão.
Os três príncipes começaram a voltar para o acampamento real, mas antes de terem se afastado muito, Mahasatva disse: "Vão indo na minha frente que alcanço vocês depois." Assim que os irmãos seguiram, ele voltou rapidamente até a tigresa e deitou-se diante dela.
Mas a tigresa estava muito fraca até para abrir a boca. Mahasatva encontrou um pedaço de madeira afiado e cortou-se, deixando o seu sangue escorrer na boca da tigresa, para que ela pudesse lambê-lo. Assim, pouco a pouco, ela recuperou a força para abrir a boca e se alimentar da carne dele.
Enquanto isso, os dois irmãos mais velhos esperavam. Como o caçula estava demorando muito para voltar, decidiram procurá-lo. Pensando bem, concluíram que ele devia ter voltado para saciar a fome da tigresa. Foram ver. Quando lá chegaram, seu pequeno irmão tinha sido comido vivo, e a tigresa saciara-se de carne e sangue. Eles perderam os sentidos e, ao voltarem a si, rolaram no chão aos soluços, até desmaiarem de novo.
Enquanto isso, a rainha dormia e sonhava com três pombos que brincavam pelo céu. Enquanto ela observava, um falcão apareceu, apanhou o pombo menor e levou-o embora. A rainha acordou, sentindo um medo horrível, e foi falar de seu sonho ao rei: "Ouvi dizer que pombos, num sonho, simbolizam os próprios filhos. E se o falcão apanhou o menor deles, isso significa que alguma coisa terrível deve ter acontecido com meu filho mais querido."
A busca aos príncipes começou imediatamente, mas logo apareceram os dois mais velhos. A rainha perguntou: "O meu amado filho está a salvo ou alguma coisa aconteceu a ele?"
Os outros dois quase não conseguiram responder, com a voz presa na garganta: "Ele foi comido por um tigre." Ao ouvir isso, a rainha caiu desmaiada. Quando já tinha voltado a si, a família real, acompanhada de seus empregados, foi até o lugar onde o jovem príncipe deixara o mundo.
Lá chegando, viram que a tigresa tinha comido toda a carne do príncipe. Sobrava apenas uma massa de sangue e ossos no chão da floresta. Soluçando, a rainha apanhou o crânio, o rei os ossos da mão, e ambos desmaiaram. Demorou muito para serem reanimados.
Enquanto isso, Mahasatva, depois de morrer ali, renascia no paraíso Tushita. Agora uma divindade, num reino de felicidade, pensava: "O que terei feito na minha última vida para renascer aqui?" E, usando a visão extraordinária de uma existência divina, investigou as cinco espécies de seres do samsara até encontrar os restos de sua última existência espalhados na floresta, onde seu pai e sua mãe ainda soluçavam.
Ele pensou: "Essa tristeza pode levar meus pais à morte. Preciso falar com eles e dar-lhes um pouco de felicidade." Assim, foi pelo espaço até o ponto do céu acima deles e disse-lhes coisas agradáveis, diminuindo seu sofrimento e fazendo-os mais felizes. O rei e a rainha perguntaram a essa divindade no espaço acima deles: "Quem é você, ser divino? Por favor, diga-nos."
Ele respondeu: "Sou o príncipe Mahasatva. Renasci no paraíso de Tushita por ter dado meu corpo a uma tigresa faminta. Seres de grande bondade, ouçam-me e entendam. Tudo que vive e todas as coisas têm um fim. Tudo que nasce vai morrer. Se alguém pratica más ações, vai cair no inferno. Se pratica boas ações, vai renascer no paraíso. Para todos há nascimento e morte. Então, por que vocês estão mergulhados num mar de tristeza apenas por minha causa? Esforcem-se para fazer o bem."
Seus pais, no entanto, perguntaram: "Se você tem amor e compaixão por todos os seres, tanto que se sacrificou por causa de uma tigresa, por que esqueceu de nós? Quando pensamos em você, agora, sentimos tanta dor! É como se nossos corpos tivessem sido rasgados em pequenos pedaços."
A divindade sobre eles respondeu com palavras tão confortadoras e agradáveis que eles se consolaram e não mais ficaram oprimidos pela dor. Fizeram uma caixa adornada com sete espécies de jóias, juntaram os ossos e os colocaram lá dentro. Depois construíram uma stupa, relicário sagrado de seres iluminados, e lá puseram os restos do seu filho. Mahasatva, agora um ser divino, voltou ao paraíso de Tushita e o rei, a rainha e sua grande comitiva voltaram ao palácio.
Isto foi o que Buda contou. Depois, ele perguntou a Ananda: "O que está pensando agora? Se quer saber quem é o rei Maharata, vou lhe dizer. Nesta vida ele foi meu pai, o rei Sudodana. Sua esposa, a rainha, foi nesta vida minha mãe, a rainha Mahamaia Devadana. O príncipe mais velho é agora Maitréia. O príncipe do meio é Sumitra. Já o príncipe mais moço, não há necessidade de ficar pensando se ele se transformou em outra pessoa porque ele é hoje eu mesmo, o Buda."
"A tigresa é hoje a velha mãe e os dois filhotes são agora seus dois filhos. Foi assim que, muito tempo atrás, salvei-os do sofrimento e levei-lhes felicidade. E hoje, que alcancei o estado de Buda, novamente os salvei do sofrimento. Mas, desta vez, libertei-os completamente de todo o vasto sofrimento do samsara."
Ananda e toda comitiva do Bagavan Tatagata Buda sentiram grande alegria ao ouvir suas palavras e todos as louvaram.



Texto extraído site http://www.salves.com.br/contsaktig.htm

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