Lambendo as minhas feridas, sozinha, embora não solitária.
Enfim consigo ser uma ótima companhia para mim !
Talvez essa tenha sido a maior lição aprendida naqueles tempos de gestora no NAPS.
Hoje já consigo voltar a falar sobre saúde mental e os equipamentos de atenção ao grave sofrimento psíquico,
Estes tempos em que estive distante de compor neste blog, falar sobre o meu “descarnar” vivêncial. Fiquei a lamber os meus cortes, a lutar contra a infecção em minha alma.
Muita dor, ressentimento e amargura purgavam dela.
Havia também a saudade e a dor de quem se vê obrigada a abandonar as suas crias.
E ai Cronos, regente do tempo, vem e leva toda matéria que organiza nosso” estar no tempo”.
Restam-me as carnes, as entranhas e o frágil fluxo de meu sangue.
Refugiada e acolhida no Vale da Terapia Comunitária, sob os cuidados de novos e antigos amigos, uma hora e outra chegam noticias dos Vales da Loucura, entristecida constato que todo o temor de ontem , hoje é verdade. Um pedacinho de minha alma ainda doente pela infecção da amargura murmura baixinho : -“ Eu não disse e ninguém ouviu , até zombaram de mim . Riam e cochichavam , ela está paranóica.. “ ....”Bem feito, bando de alienados..”
Ao mesmo tempo repudio e acabo guspindo o bocado de comida-vingança , nunca me alimentei desta energia e não vou começar agora!
Fico entristecida e aliviada , eu fiz a minha parte, então esta colheita não me pertence.
Não é preciso ser muito esperta para perceber que esta situação não irá se sustentar por muito tempo. E um novo período de construção terá inicio . As sementes plantadas nas mentes-coração dos usuários hão de germinar novamente.
2 comentários:
namastê!
Namastê
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