CANTÃO DE BORACEIA - FOTO ROSELI JAN/10 - AONDE RESIDE O MEU CORAÇÃO

O DASA MAHAVIDYA ENTRA NUM FLUXO DE REEDIÇÃO.AO RELER VÁRIOS ESCRITOS AQUI POSTADOS, FICO PASMA E ENVERGONHADA. TOMO CONSCIÊNCIA DA DIMENSÃO DE MINHAS FACETAS DE MULHER. ALGUMAS BRILHANTES , OUTRAS TENEBROSAS.ENFIM PRESERVO AS TENEBROSAS, POIS NINGUÉM FOGE DO QUE É. E QUEM SABE AO REMEXER NESTES CASTELOS DE AREIA, EU ENFIM CONSIGA SARAR AS MINHAS FERIDAS.



QUANDO ALGO DEIXA DE EXISTIR ....NÃO HÁ O QUE DESCREVER....RESTA A LEMBRANÇA....QUE CADA UM PRESERV

QUANDO ALGO DEIXA DE EXISTIR ....NÃO HÁ O QUE DESCREVER....RESTA A LEMBRANÇA....QUE CADA UM PRESERV

DASA MAHAVIDYA - KAMLA

O DASA MAHAVIDYA
livro de areia
atemporal
tal qual as minhas lembranças.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

A MOÇA DA LANTERNA

Bem comecemos! Alguns que me conhecem diriam : Já era hora de falar de sua experiência profissional como Analista Bioenergética , Psicoterapeuta Reichiana nos cuidados ao grave sofrimento psíquico.Eu digo tudo há seu tempo! Ou só agora que dissolvo as minhas couraças expressivas e perdi os medos da exposição e da critica , consigo me organizar e elaborar a minha fala.Contudo não esperem aqui postulados acadêmicos estes não são as minhas veias expressivas, a minha escrita é simples e permeada de "eu's". Um eu afetado pelos afetos ! Sempre!Inicio falando sobre Identidade Profissional.Apesar de ter gavetas cheias de títulos , entre eles: psicóloga , psicoterapeuta reichiana, analista bioenergética, terapeuta em técnicas corporais orientais , entre outros que já me esqueci nestes longos 23 anos de formação. Elas não norteiam a minha experiência profissional no sentido técnico, não são instrumentos de trabalho . A bioenergética é uma visão de mundo, uma porta aberta para novos saberes e experiências e novas criações.Quem me conhece no dia a dia , sabe que abomino ser um "Papagaio Intelectual" , ficar citando teorias e teóricos para referendar o que digo e faço. A ciência, o conhecimento e a sabedoria não são posses pessoais, elas pertencem à humanidade . E uma visão científica , um dado conhecimento só torna-se sabedoria quando eu o interiorizo , elaboro e o assimilo ,ele torna-se parte de meu "eu".E uma técnica ou teoria só é comprovada na pratica e no cotidiano clínico , não só dos psicoterapeuta, e sim e principalmente que façam sentido e transmutem as dores daqueles a quem cuidamos, que buscam as nossas ajuda. Caso contrario ficaremos sempre reinventando teorias que amenizem ou encubram as nossas dificuldades e insegurança em nossos exercícios técnicos e clínicos.Pode parecer redundante o que digo aqui e agora , os manuais de psicologia estão repletos dessas idéias, entretanto não é o que observo no meu cotidiano. Sou grata pela oportunidade de poder navegar pelos setores da psicologia clínica particular e pública , nelas observo os mesmos entraves diante de nossas inseguranças frente ao sofrimento humano, nos armamos de nossas técnicas e encaixamos sofrimentos dentro de sintomas e patologias , e pessoas tornam-se casos clínicos, nos distanciamos do outro com medo que nos percebam humanos sofredores.Tornamos SOBERBOS , agarramo-nos em meias verdades, pois uma teoria é só uma face da verdade! E passamos a disputar o poder de quem detêm esta verdade, qual o diagnóstico , qual a teoria ? O sofrimento do outro se torna um objeto, no sentido de "coisa" e não objeto de estudo para dimensionar ações que dêem respostas efetivas ao pedido do outro.A grande chaga da psicoterapia é tentar encaixar pessoas dentro de teorias!Este blog como já falei anteriormente começa a partir de uma provocação, bem intencionada, de um amigo que há um ano e meio me perguntou qual era o meu norte terapêutico dentro do NAPS (Núcleo de Atenção Psicossocial) . Esta pergunta me causou estranheza e todas as respostas que dei não me satisfizeram. No fundo eu já não mais sabia!E na tentativa de responder não a ele e sim a mim, iniciei o blog Mahavidya e me deparei com toda minha fragmentação oriunda de varias crises de ordem global em minha vida . Nasceu ai o retalho de cobertor, composições mescladas de resgates pessoais e profissionais, e agora estando no meio da confecção deste cobertor consigo responder a pergunta : Eu , eu sou o norte de minha clínica. E olhando agora ,recomposta em minha integridade , discordo do meu primeiro olhar , aonde assustada temia que fragmentada estaria executando um péssimo trabalho , que ao invés de ajudar estivesse prejudicando a quem me pedisse ajuda. Naqueles momentos como já não tinha forças para lutar contra a fragmentação eu simplesmente a aceitei e a mostrei e foi esta atitude que me transformou em uma terapeuta/pessoa presente e reestruturei os meus objetivos profissionais e pessoais.As pessoas que guio em suas jornadas de busca de seus "eus" e objetivos de vida respaldam estas conclusões .Falo isto para deixar claro que um terapeuta é um sujeito em eterna construção e que várias vertentes compõem está "tarefa", o pessoal, social, técnico, espiritual. E nestes campos sempre abertos de construções acabo assimilando e incorporando os atuais preceitos da teoria sistêmicaquanto às questões da neutralidade terapêutica. Realmente não conseguimos permanecer neutros diante do outro, pois não conseguimos fugir de quem somos. E quando aceitamos quem somos naquele momento não atuamos contratransferencialmente .Corremos sim , este o risco quando nos aguáramos aos nossos medos, impotência , inseguranças e nos armamos tanto que perdemos a nossa potência e espontaneidade que são as fontes da cria-ação.Esclareço aqui que bem conheço o conceito da transferência e contransferencias e eles pertencem a uma ótica técnica e teoria e cabem dentro de um determinado setting terapêutico. Dentro de uma sessão com horário determinado o seu manejo é possível. Numa dimensão de atendimento ao grave sofrimento psíquico (psicoses e neuroses graves - aqui a nomenclatura cabe pra que tenhamos um entendimento comum do que estamos falando e não o contrario como já disse) dentro dos preceitos de funcionamento de unidades NAPS , que exigem diversidades de ações , setting's diversos e exposições pessoais,as antigas óticas técnicas/ teóricas já não dão respostas efetivas e causam sofrimento aos terapeutas que com medo da perda da identidade profissional agarram-se a ela transformando-os em muralhas e em segundas peles.Concluindo, escolho começar por aqui para lançar a discussão sobre os campos da identidade profissional. Um tema delicado e importante do exercício clínico dentro da Saúde Mental no momento, diria uma ferida egoíca a ser entendida e tratada, pois pode nortear os caminhos de nossas ações, e impedir de construirmos novos saberes a partir das raízes do antigo.Encerro com uma analogia que uso atualmente para dizer o que é meu trabalho a que procura minha ajuda , quer no serviço público ou no particular:- Veja bem esta imagem : Numa noite escura , você esta numa trilha e me pede para guiá-lo . Tenho a lhe informar que eu também desconheço o caminho e aonde ele vai dar . Acontece que eu possuo uma lanterna. Durante este trajeto algumas vezes eu estarei à frente iluminando o caminho,algumas vezes estarei atrás de ti iluminando o teu caminho à frente.Em outras estarei ao teu lado, ora seguirei de braços dados com você , oras você se apoiará em mim em outros momentos eu me apoiarei em você, e em muitos outros nos apoiaremos em conjunto e esteja certo em todas as situações estarei segurando a tua lanterna. Assim como haverá momentos em que te entregarei a lanterna . E não fique preocupada, a ordem desses momentos é sempre você que determinara, é segundo a tua necessidade. Pois eu sou apenas a Moça da Lanterna
Roseli T. Montanari

Um comentário:

Anônimo disse...

Vou te falar de como fiquei assim que terminei de ler a última palavra desse texto. Na minha cara tinha um tamanho sorriso de felicidade, de uma clareza e torcida porque nunca antes na vida alguém tinha explicado o que vem a ser o tal "identidade terapeuta" de forma tão acessível. Depois ficava aqui falando: DEMAIS, DEMAIS, DEMAIS ESSE ESCRITO DE RETALHO DA ROSELI, MEU!!! DEMAIS!!!!
Só tendo alegria mesmom pra poder trampar cotidianamente contigo.
Tá bonito de ver o texto.
grande abraço
grande saúde
namastê
andré