CANTÃO DE BORACEIA - FOTO ROSELI JAN/10 - AONDE RESIDE O MEU CORAÇÃO

O DASA MAHAVIDYA ENTRA NUM FLUXO DE REEDIÇÃO.AO RELER VÁRIOS ESCRITOS AQUI POSTADOS, FICO PASMA E ENVERGONHADA. TOMO CONSCIÊNCIA DA DIMENSÃO DE MINHAS FACETAS DE MULHER. ALGUMAS BRILHANTES , OUTRAS TENEBROSAS.ENFIM PRESERVO AS TENEBROSAS, POIS NINGUÉM FOGE DO QUE É. E QUEM SABE AO REMEXER NESTES CASTELOS DE AREIA, EU ENFIM CONSIGA SARAR AS MINHAS FERIDAS.



QUANDO ALGO DEIXA DE EXISTIR ....NÃO HÁ O QUE DESCREVER....RESTA A LEMBRANÇA....QUE CADA UM PRESERV

QUANDO ALGO DEIXA DE EXISTIR ....NÃO HÁ O QUE DESCREVER....RESTA A LEMBRANÇA....QUE CADA UM PRESERV

DASA MAHAVIDYA - KAMLA

O DASA MAHAVIDYA
livro de areia
atemporal
tal qual as minhas lembranças.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Minha concepção de Bioenergética

Minha concepção de Bioenergética
A terapias corporais pautam –se em uma premissa de unicidade do funcionamento do individuo em relações aos aspectos orgânicos e psíquicos.Entende o ser humano como sistema integrado, onde mente e corpo são funcionalmente idênticos, isto é, o que ocorre na mente reflete o que está ocorrendo no corpo e vice-versa, e os processos energéticos inseridos nesta relação. Entende como as funções básicas da vida a produção energética obtida através da respiração e dos processos metabólicos. E a sua descarga em ações expressa ou não. A quantidade de energia que uma pessoa tem e como a usa determinam o modo como responde às situações da vida. Neste sentido está voltada a busca de equilíbrio e no resgate do potencial do individuo para satisfação e a alegria de viver.Ao buscar respostas para o trabalho bioenergético com psicóticos, nos deparamos com a problemática de estabelecer um aumento de carga energética em um corpo esfacelado com graus precários de grouwding, ancoragem energética na realidade, e fragilidade nos sistemas energéticos de contenção das pulsões originárias do interior do organismo, bem como as advindas do meu ambiente. O aumento de carga sem dúvida ocasionaria processos cartáticos e a emergências de materiais psíquicos, num individuo sem estrutura para metabolizá-lo, em conseqüência estaríamos recriando a dinâmica energética do “surto psicótico”.Num campo de experimentação, aonde me despi do arsenal técnico até então conhecido na pratica terapêutica com outras dinâmicas e sistemas de sofrimento psíquico. E ancorada as teses de:Ø Wilhelm Reich de que o organismo humano está sempre voltado a busca da auto-regulação, ou seja, manutenção da vida e busca o equilíbrio energético;Ø Somando-se a tese da Teoria sistêmica da auto-regulação dos sistemas, vivos e sociais, aonde o sistema sempre vai procurar a “melhor” saída para re-estabelecer o equilíbrio;Ø Introduzindo as descobertas de Lowen sob o fluir energético no corpo vivo, as noções de carga e descarga nos exercícios e focando o trabalho energético nos conceitos de grouwding, contato de individuo com sua realidade interna e externa;Ø Os conceitos de Stanley kelleman de construção e desconstrução da forma, aonde o individuo toma posse e consciência de como estrutura as suas formas corpo-sensação-pensamento-ação nas suas interações existenciais; e na construção do seu self.Ø Baseando na premissa de Winnicott, aonde uma mãe suficientemente boa é monótona, entendo como mãe, o “ambiente” que acolhe e estrutura as atividades. E que o foco está sempre voltada às necessidades, capacidades, limites e ritmo do outro e que é neste campo de segurança do previsível que se estabelece às bases das relações terapêuticas de vinculação.Ø Wilhelm Reich em Análise do Caráter estrutura a técnica psicoterapia focada nas relações de vinculo, e nos processos de transferência, orientando a análise no sentido de não interpretar os variados materiais que emergissem numa sessão de forma aleatória, por que sejam sedutores no sentido do quadro e história do paciente, se este não estiver ancorado ao conteúdo e as camadas psíquicas que estão sendo analisadas. A sua interpretação prematura em nada contribuiria para o avanço da psicoterapia e sim poderia confundir o trajeto da mesma.Esta visão de foco e estratificação do desenvolvimento do processo em camada, influencia a minha atuação como terapeuta corporal. A minha primeira formação dentro das terapias corporais foi como analista de caráter.Estes pensares servem de base e orientam o foco do trabalho terapêutico em estruturar o corpo-self, dentro da limitação energética do grupo, tendo como termômetro os níveis baixos de suporte de energia emergentes nos processos grupais.As sessões de grupo eram estruturadas por atividades rotineiras e com poucas variações de dinâmicas. Sempre focadas em estabelecer os conceitos energéticos de: grouwding, eixo-equilibrio, foco, contato, ritmo, pulsação e as noções de dentro e fora do corpo. A intensidade e a duração das atividades do grupo obedeciam a curva orgástica de Reich (carga-contenção-descarga-elaboração), desta forma a atividade estruturava-se em dia e hora marcada para acontecer mais a duração das sessões eram variáveis.Defrontando-me com as dificuldades de muitos , no grupo, em elaborar as experiências vividas fui lançando mão de técnicas expressivas , de desenhos mandalicos que constituíam um rolding, um útero protetor e organizador dos materiais psíquicos e energéticos lá experienciados, com o passar do tempo comecei a utilizar das técnicas de Ikebanas ( arte oriental de fazer arranjos florais) como instrumento elaboração e organização dos conteúdos internos para o externo e instituindo as noções de tempo-espaço e de dos ciclos de criação-vida-morte.Acreditando na não neutralidade terapêutica o papel do terapeuta e do co-terapeuta eram ativos e inseridos no contexto grupal, estando ali com seus afetos e limites, desta forma tornando-se um elo , um “porto seguro” de estruturação da identidade do grupo.O crescente desdobrar dessa identidade grupal desemboca na construção de uma Coletividade de Bio. As atividades do grupo eram desenvolvidas em salas improvisadas, sem um lugar adequado e digno dentro da unidade de saúde mental. A partir dessa necessidade o grupo opera mudanças nas dependências físicas da unidade de saúde e com recursos próprios, e com doação e com a colaboração de outros usuários e técnicos que não compunham o grupo, reformam uma sala e a equipam para as atividades de bioenergética. Ganhando assim uma identidade própria dentro do equipamento de saúde.Hoje ,está sala existe enquanto um lugar não só para as atividades de “Bio”, ocupando um lugar das terapias corporais, como Yoga, Liang kun, tae-kon-do entre outras.No desenvolvimento deste processo ao longo dos anos e com a composição de novos saberes através da composição com outras técnicas, principalmente a artitisca e a terapia ocupacional , e os desafios no enfretamento de encontrar novas ações nos cuidados ao grave sofrimento psíquico e a sua inclusão social, ampliam a concepção do trabalho de bioenergético e o levam para fora dos conceitos tradicionais da clínica terapêutica.Ø Conceber e enxergar o individuo além de seu diagnóstico, seu sofrimento e suas limitações, rompe-se com o preceito clínico de que só curado ou compensado o psicótico pode ser produtivo ou ocupar um lugar produtivo na sociedade.Ø Amplia-se a concepção da atenção aos cuidados grave sofrimento psíquico, uma intervenção pode conter múltiplas e trans-ações, ela é psicoterapica, pedagógica e laborativa e neste sentido promove a humanização, a individuação e a inclusão.E nesta trans-multiplicidade a bioenergética compõe em trabalhos fora do setting psicoterapico tradicional indo de encontro a composição com a arte e os fazeres cotidianos, ganha as ruas, os passeios, os lares dos usuários.Lowen concebe que a bioenergética é um caminho para uma vida vibrante, e que uma saúde vibrante não é só ausência da doença, eu diria que o individuo é mais que sua doença e focar em suas potencialidades e desenvolver a sua autopercepção, a auto-afirmação e a sua criatividade, chaves para que ele recupere a sua individualidade, independência e vitalidade.Lowen , no encerramento de seu livro “Prazer”, refere-se que todo objetivo terapêutico é desenvolver e resgatar o potencial criativo do individuo.“Na verdade, as tentativas para modificar a natureza animal do indivíduo só em parte são bem sucedidas. O processo de domesticação só consegue ir até certo limite. Atrás da atitude submissa encontraremos uma camada de desafio e rebelião associada a negativos e reprimidos sentimentos hostis. Atrás da rebelião explícita e da destrutividade de muitos jovens de hoje encontra-se uma camada de submissão associada a sentimentos reprimidos de medo e desespero. Nos adultos, a atitude submissa é a defesa contra sentimentos internos de rebelião e hostilidade, enquanto a rebelião explícita é uma reação à submissão interna. Nenhuma das duas é atitude criativa e , em nenhum dos dois casos, há auto-aceitação.A terapia, para ter sucesso, deve passar por essas camadas e alcançar o âmago do individuo. Para abrir o coração de alguém à alegria, é preciso antes restaurar sua inocência, restaurar a fé em si mesmo e na vida. Deve-se , em outras palavras, faze-lo voltar aquele estado em que essas qualidades caracterizavam sua existência. Esse estado é a infância.A pessoa que aceitar a criança dentro de si terá capacidade de aproveitar a vida. Terá curiosidade, o que abrirá a novas experiências. Terá a excitabilidade para reagir com entusiasmo. Terá a espontaneidade necessária para se auto-expressar. As crianças estão próximas da alegria, porque ainda mantêm parte de sua inocência e fé de que foram dotadas. É por isso que Jesus disse: “Elas são o reino dos céus.”A pessoa criativa não é uma criança. Os adultos que tentam ser infantis em sua procura de divertimento são irrealistas e auto-destrutivos. Seu comportamento é infantil , sua motivação é escapista e sua atitude, sofisticada. O adulto maduro está próximo à sabedoria, pois já viveu e sofreu. A despeito desse sofrimento e seu conhecimento da vida, está em contato com a criança que foi e, até certo ponto, ainda é. Nossos sentimentos em relação à vida, ao amor e ao prazer não mudam à medida que crescemos. Embora nossa forma de expressar esses sentimentos possam mudar, permanecemos crianças em nossos corações. Na pessoa criativa não há separação ou barreira entre a criança e o adulto, entre o coração e a mente, entre o ego e o corpo.Sob certo aspecto, toda a auspiciosa terapia termina em fracasso. Não se consegue a imagem desejada ou a perfeição. O paciente compreende que sempre portará alguma deficiência. Sabe que seu crescimento não está completo e que o processo criativo iniciado na terapia está doravante sob sua responsabilidade pessoal. Não sai da terapia pisando nas nuvens. Os que assim fizerem serão candidatos a um colapso. Ao contrário, sente que seus pés estão no chão, que conseguiu apreciar a realidade e que desenvolveu atitudes criativas em relação a problemas que terá que enfrentar. Sentiu alegria, mais também tristeza. Retira-se com a sensação de auto-realização que inclui o respeito pela sabedoria de seu corpo. Readquiriu seu potencial criativo.”(Alexander Lowen- Prazer uma abordagem criativa da vida - Summus Editorial)Lowen expressa-se brilhantemente o que tenho vivido em minha pratica como analista bioenergética. Aonde acrescento que a aquisição dessas potencialidades não ocorreu de forma linear, somos um sistema complexo, e muitas a introdução de um novo potencial através de experiências expressivas provoca uma reorganização sistêmica que aumento o contato com nosso self e se reflete em ações criativas na resolução de dificuldades intimas e concretas.Este processo pode ocorrer dentro de settings terapêuticos, em oficinas terapêuticas e artísticas, bem como inseridas em atividades cotidianas.O presente texto descreve a jornada de 10 anos como Analista Bioenergética do Núcleo de Atenção Psicosocial - 2 em Santo André, sendo o ponto de partida para discussão das açõesem saúde mental frente ao grave sofrimento psíquico . E como hoje concebe a teoria e técnica ,e o papel do terapeuta envolvido nesta ação.Por enquanto é só amigos,NamastêROSELI 09/03/08 ÀS 21:50

2 comentários:

andre miolo disse...

Eu fiquei aqui caçando uma palavra pra elogiar esse "retalho", e vi que não é mais "retalho". essa costura-postura postada hoje dá imenso suporte as ações construídas. parabéns!!!
E a palavra que encontrei, nessa caçada por algo que pudesse afirmar isso, num sentido belo- porque ficou bonito seu escirto, é:
BRILHANTE-EMCORPAMENTE-VIBRÁTIL!
namastê
andré

Rose666 disse...

Grata,André pela sua presença aqui no Mahavidya
Namastê
Rose