CANTÃO DE BORACEIA - FOTO ROSELI JAN/10 - AONDE RESIDE O MEU CORAÇÃO

O DASA MAHAVIDYA ENTRA NUM FLUXO DE REEDIÇÃO.AO RELER VÁRIOS ESCRITOS AQUI POSTADOS, FICO PASMA E ENVERGONHADA. TOMO CONSCIÊNCIA DA DIMENSÃO DE MINHAS FACETAS DE MULHER. ALGUMAS BRILHANTES , OUTRAS TENEBROSAS.ENFIM PRESERVO AS TENEBROSAS, POIS NINGUÉM FOGE DO QUE É. E QUEM SABE AO REMEXER NESTES CASTELOS DE AREIA, EU ENFIM CONSIGA SARAR AS MINHAS FERIDAS.



QUANDO ALGO DEIXA DE EXISTIR ....NÃO HÁ O QUE DESCREVER....RESTA A LEMBRANÇA....QUE CADA UM PRESERV

QUANDO ALGO DEIXA DE EXISTIR ....NÃO HÁ O QUE DESCREVER....RESTA A LEMBRANÇA....QUE CADA UM PRESERV

DASA MAHAVIDYA - KAMLA

O DASA MAHAVIDYA
livro de areia
atemporal
tal qual as minhas lembranças.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

A Compaixão de Garuda


Na maravilhosa região de Kailas(montanha)- o Kailas sutil que não pode ser visto por olhos humanos comuns - estava situada a Morada de Shiva (divindade da Trindade Hindú - Deus da Destruição (transmutação).


Uma tarde, Vishnu ( divindade da Trindade Hindú - Deus da Preservação) foi visitar Shiva. Ele deixou seu veículo vivo, Garuda (ave mítica - metade ave metade homem), em frente ao grande arco natural que levava à morada de Shiva.


Garuda ficou pousado, sozinho, maravilhado pela grandeza do lugar- o físico e visível a todos. Os esplendores dos raios do sol poente tinham espalhado sete cores pelas brumas e neves que envolviam os picos elevados.


De repente, seus olhos caíram sobre uma bela criatura, um pequenino pássaro pousado no arco de pedra. "Como é maravilhosa esta criação! Aquele que fez este gingantesco Himalaia, fez este minúsculo pássato - e ambos parecem igualmente magníficos!", pensou.


Justamente então, Yama, a Deidade que preside o Destino e a Morte, ia entrando no arco, talvez com a intenção de ter um "Darshan" de Shiva. Quando ele ia passar para o outro lado do arco, seus olhos caíram sobre o pássaro, encaminhando-o atentamente. Suas sobrancelhas se ergueram. Então, desviou o olhar e desapareceu por trás do arco.


Garuda, que estava observando a cena, disse para si mesmo: "Yama, quando olha desse jeito, só pode significar uma coisa : o tempo da ave findou! Talvez quando voltar ele leve sua alma embora!"


O coração de Garuda estava cheio de pena pelo pássaro. Ele queria salvá-lo da morte iminente. Mas disse: " As leis do Destino estão trabalhando. Não é de minha conta interferir nelas!"


Um minuto se passou. Garuda sentiu que suas emoções não estavam pacificadas. "Se eu posso salvar o pássaro, porque não devo fazê-lo?", ele se censurou. No momento seguinte, uma outra voz disse-lhe: "Este é meu impulso egoísta. Quem sou eu para salvar alguém?" De repente, ouviu uma voz sutil , falando de suas profundezas: " No momento, não estou certo se a sabedoria está em agir ou não agir. Suplico que, o que quer que faça neste estado de incerteza, se torne pare do esquema total Providencial. A Ti , meu Senhor, ofereço minhas emoções e ações!"


A seguir, apanhou o pássaro e, com a velocidade de um raio, desceu até Dandakaraya e colocou-o sobre uma rocha, ao lado de um regato. Retornou então a Kailas e esperou por Vishnu. Porém Yama saiu mais cedo e, ao ver Garuda, sorriu-lhe. Garuda cumprimentou o deus e disse:


"Posso lhe fazer uma pergunta? Quando estava entrando, você viu um pássaro pousado no arco e, por minuto, ficou pensativo. Por que?


"Oh! Já tinha esquecido tudo. Bem, quando meus olhos pousaram nele, vi que ia morrer em poucos minutos devorado por uma gingantesca serpente, lá longe em Dandakaranya, perto de um riacho. Fiquei imaginando como este minúsculo pássaro poderia cobrir esta enorme distância em tão curto tempo . Depois esqueci tudo, Certamente deve ter acontecido de algum modo. Era hora para essa pequenina criatura nascer de novo."


Yama sorriu e foi embora. Será que ele sabia do papel desempenhado por Garuda neste incidente? Não sabemos. Mas Garuda ficou aturdido. A principio, em dúvida se devia ficar triste ou feliz, logo transcendeu a necessidade de permanecer em tal estado de mente e disse:


"Oh! Senhor, sou um veículo Teu! Que eu permaneça Teu veículo, tanto na ação quanto na inação."


E voltou a seu ânimo de eqüanimidade iluminda.


Conto extraído do Livro de "Histórias da Índia antiga" - recontadas por MANOJ DAS - Editora Shakti


Gosto da simplicidade aparente dos contos hindus, o simples contém as facetas da sabedoria, a cada olhar devela-se uma face. A verdade é um ponto de vista, de nossa acuidade visual momentânea.


Ao folhear as pagninas deste livro , em meio ao marasmo deste sábado aquoso, ao som da tempestade sob o tedo zinco, deparo-me com a Compaixão de Garuda. Como ler e não remeter a mensagem as minhas ações cotidianas, de um olhar viciado sobre o "si mesmo"! Mais sou assim, antes de ver as ações do outro ...olho pra minhas. No fundo vemos o mundo segundo os nossos sentidos.


Hoje , e não sei amanhã, o tema do conto remonta sobre a entrega. Não importa as tramas do destino, este definido como fatalista ou um emarranhado de teias de ações múltiplas e sistémicas.


Afora os nossos desejos onipotentes ou impotentes diante do curso da vida , meras vaidades de nossa fragilidade humana, nos resta a potência de nossos sentimentos entregue em nossas ações ou inações . A paz não nasce da certeza de que escolhemos o certo, ou melhor, o dever!


A nossa potência na vida está na entrega aos nosso sentidos . A conjugação harmonica de nossos pensamentos , sentimentos , emoções , ações e inações . E creiam a não ação tambem é uma ação!


E quem sabe ao lerem este conto , decidam repartir o que ele lhes dispertou!


Namastê


Rose






Nenhum comentário: