CANTÃO DE BORACEIA - FOTO ROSELI JAN/10 - AONDE RESIDE O MEU CORAÇÃO

O DASA MAHAVIDYA ENTRA NUM FLUXO DE REEDIÇÃO.AO RELER VÁRIOS ESCRITOS AQUI POSTADOS, FICO PASMA E ENVERGONHADA. TOMO CONSCIÊNCIA DA DIMENSÃO DE MINHAS FACETAS DE MULHER. ALGUMAS BRILHANTES , OUTRAS TENEBROSAS.ENFIM PRESERVO AS TENEBROSAS, POIS NINGUÉM FOGE DO QUE É. E QUEM SABE AO REMEXER NESTES CASTELOS DE AREIA, EU ENFIM CONSIGA SARAR AS MINHAS FERIDAS.



QUANDO ALGO DEIXA DE EXISTIR ....NÃO HÁ O QUE DESCREVER....RESTA A LEMBRANÇA....QUE CADA UM PRESERV

QUANDO ALGO DEIXA DE EXISTIR ....NÃO HÁ O QUE DESCREVER....RESTA A LEMBRANÇA....QUE CADA UM PRESERV

DASA MAHAVIDYA - KAMLA

O DASA MAHAVIDYA
livro de areia
atemporal
tal qual as minhas lembranças.

segunda-feira, 3 de março de 2008

SILENCIADOS






NOs últimos textos denominados de "Esqueletos" e que hoje em sua incompletude, porque leitores eu silencie a sua segunda parte. Deletei o seu conteúdo e deixei apenas casca superficial do que foi!
O motivo é levar a reflexão e instalar a denúncia das armadilhas da comunicação que alimentam as deformações da existência humana, a fuga ao mundo dos delírios ou a construção de devaneios intelectualizados, neuroticamente amputados.
E seguindo o rumo o qual optei traçar nesta existência, compor pela “afetação”, que seja ela na fala, na escrita e ou nas ações. Não que a intimidade exposta naquele texto me incomodava, já falei neste Blogger de passagens que julgo mais intimas e elas continuam on-line, vide Esqueletos I. Quanto aos envolvidos creio que não se incomodaram, pois se omitiram a um posicionando explicito e entendível para mim é sim ou não.
Hoje, não conseguindo dormir pelo grau de afetações geradas neste ultimo mês, volto ao Dasa Mahavidya em busca de resposta e compreensão.É amigos este espaço ganhou vultos do interiores, complexos e profundos de minha mente e coração,diagolo, medito com ele.
Talvez a razão de o Dasa Mahavidya ser classificado como uma caixa de pandora, um espaço desprovido de objetivos claros e organizados. Ele não se enquadra nas classificações “aceitas”. Talvez seja um espaço que busco para me organizar. E a minha organização é desta forma!Na realidade isto não é verdade, o Dasa Mahavidya nasceu com um objeto claro em minha mente.Ao longo desses meses foi sendo inchertado, acrescido de novas procuras, mais o seu rumo é certeiro.O crescimento traça uma trajetória em elipse, antes de seu salto em direção ao acima é necessária a descida para o resgatar do que ficou.
Objetivo por passar a mensagem do como vejo a vida e de como a vivo, como penso, sinto e a construo, e que a psicoterapeuta é construída e reconstruída constantemente por este sistema.
Assim concebo a minha identidade profissional no mundo dos “trans” , não só da trans- disciplinalidade e sim da trans-identidade. A identidade é uma “entidade” viva em constante crescimento e mutação e não um conceito estanque dentro de manuais técnicos e teóricos. Uma vez citei aqui um pensamento de Wilhelm Reich, Pai da Orgonoterapia. Reich refere-se que as fontes da vida são: “O amor, o conhecimento e o trabalho e que estas deveriam também governá-la. Acredito que de muitos de nós,racionalmente, lhe damos o nosso aval , no entanto devidimos as fontes em setores estanques e comportamentalizados. Separamos essas esferas de existências, com a desculpa, que assim podemos analisar e compreender melhor suas particularidades. Caso contrario nos perderíamos nos campos da “afetação”. A teoria sistêmica refere-se que o mapa não é o território, no entanto construímos teorias e técnicas para analisarmos os mapas , o território nos amedronta pelo fato de que ao falarmos dele estaremos falando de nós, pois vivemos e interagirmos no território, nossas ações estão nele presentes. Nos aguáramos no pensamento cartesiano, ou do Jack estripador, para fugir de nossa “afetação”.
A ciência ocidental ao estudar o homem o fez a partir da dissecação de cadáveres, encontraram a anatomia, a fisiologia, e não é de se espantar que não descobriram os fluxos energéticos, os canais sutis de energia. Estudaram a morte e não a vida . Diferentemente o fizeram os orientais que nos seus estudos interagiram com pessoas vivas no seu habitar, encontraram os fluxos da vida, a energia vital.Com este Blogger quero acrescentar que estas fontes de vida não estão desconectadas, elas pulsam, vibram, criam conexões infindáveis e matáveis, geram sistema um próprio e complexo. Com a vida! E nele está inserida o terapeuta e o usuário (aquém cuidamos).
O Dasa Mahavidya nasceu de uma provocação de um colega de trabalho, meses depois de ser admitido na unidade de saúde. Ele me pergunta o norte de meu trabalho, na época fico desnorteada e não consigo responder. E a partir deste momento começo a escrever sobre a história dos 10 anos de criação de um dos NAPS (Núcleo de Atenção Psicossocial) de Santo André, deparo-me com uma séria dificuldade não consigo desvencilhar o processo de construção técnico da clínica, das minhas experiências intimas. Na época atribui isso a minha dificuldade com a expressão escrita e acadêmica e a minha crise existencial profissional e pessoal. Estava errada não conseguia me expressar de outra forma, pois não valorizo estas formas de análises acadêmicas.As bibliotecas estão lotadas de livros sobre teorias de personalidade e técnicas terapêuticas que não nos dão respostas efetivas na clinica cotidiana, a efetividade na resolução dos problemas e sofrimentos destas pessoas.
O objetivo inicial deste blog não está perdido, estou falando de minhas experiências pessoais e profissionais e como é estar interagindo com a "loucura" humana, a loucura de todos nós!Hoje não tenho a presunção de criar novas teorias do funcionamento da personalidade ou técnicas psicoterapicas. Quero falar de minhas ações clínicas e de minha afetação dentro deste sistema, e desta forma criar espaços de reflexão e trocas.Assim é o Dasa Mahavidya, não uma composição multifacetada, sim uma composição de exposição de mil expressões faciais, ele está vivo e pulsando e reagindo nesta interação.Tal como estes textos, digitados no calor da reflexão, segundo o curso dos pensamentos, algumas vezes corrigidos após serem postados, pois estão sempre se criando e recriando e não tenho a pretenção de mostrar” o pronto”,” o correto”,” o compreensível”.
Eu sou assim como o Dasa Mahavidya, complexo, contraditório, incompreensível, repleto de erros e dificuldades, mais profundamente honesta e transparente nas intenções de minhas ações! Na noite em que os fatos descritos nos textos "Esqueletos" ocorreram fui indagada a respeito de estar silenciada, no sentido de não falar das experiências na construção do NAPS, uma experiência muito rica. Sou confrontada com a interpretação de: Como você conseguiu se silenciar por tanto tempo?Respondo eu não me silenciei, eu falei, agi e compus este tempo todo! A minha linguagem não é do discurso acadêmico e analítico! Estive viva e criando estes anos todos e nós somos a expressão de nossa história a cada momento! Basta ter olhos e ouvidos para constatar!
Eu estive no território, por isso não falei dos mapas!E o que me referenda é a devolução, o reconhecimento que tenho com quem mantenho trabalho.
É esta mensagem que deixo quando deleto intencionalmente a segunda parte do "Esqueletos".Ao retirarmos o que é intímo, o que chamo de "miolo essencial”,deixando a cascas e algumas conexões nas parte I e III! Denuncio as contradições e jogos nas comunicações. E no vácuo das cascas, no insuportável dos não ditos, que nos defendemos recheando as cascas com análises que não passam de devaneios intelectualoides, pois são desprovidos do quantum energético de honestidade existentes nos delírios! Embora sejam os delirios incompreensível por sua vez , falam de afetação dos ditos ou melhor diria dos não ouvidos!
Esta noite que denomino de quebras das mascaras em sua primeira intenção objetivava por me apoiar e incentivar a que eu aceite uma proposta que me coloca num lugar de comando e poder. Entretanto os rumos que tomaram as comunicações contraditórias colocam-me cada vez mais distante de aceitar ocupar esse lugar, caso ele seja realmente me disponibilizado. Fato que duvido!
A contradição permanece e me martela o intimo, nesta noite fui classificada como “silenciada” e que minha ações, sentimentos e pensamentos denunciam a eu ser “uma porra louca” . O porra louca é um inconseqüente em suas ações consigo e com o outro.
Um sujeito invadido pela ânsia de seus desejos, cindindo em suas esferas de sentir, pensar e agir. Eu não sou uma “porra louca” ! Conheço o lugar que ocupo na vida, e é estar entregue a afetação de viver! O que não é sinônimo de alienação e sim de honestidade!

O que fica claro após esta longa reflexão é que meu caminho é estar na composição diária da construção desses novos saberes e não em lugares de comando. Questiono-me que urge a construção de novos paradigmas para ocupação dos lugares de comando. Entretanto esta tarefa é árdua, dolorida e solitária, pois os mesmo que compõem comigo hoje, assim que eu descordar do que pensam ou do que lhes é útil, me abandonaram! Já vivi isto e não quero sofrer estas “queimaduras” novamente!
Ontem ao ter que ir a unidade de saúde levar uma usuária que vem ao consultório pedir ajuda. Esclareço que estou em período de férias dessa unidade de saúde mental. E que lidar com esta situação me proporcionou uma afetação e só afetada é que consegui atender a seu pedido de ajuda, Também não falarei dessa experiência agora! Deixo claro porém aqui que se mudar de idéia e aceitar ocupar esse lugar de comando, caso me seja oferecido, é porque amo o que faço e estou inteira na busca de novos saberes que incluam a vida nas ciências. Embora ciente que será uma semente em que os que comporem comigo nem vão enxergar!
Termino aqui dizendo à algumas pessoas que me consideram corajosa e muitas vezes muito "porra louca" :Estão equivocadas eu não possuo nenhum desses adjetivos ! As únicas qualidades que possuo e das quais me orgulho são : Espontaneidade e a Honestidade.
E que este Dasa Mahavidya é uma forma que encontrei de dizer:
“Olha, estou viva e é assim que eu vivo” . Se por acaso estes relatos, reflexões venham a ter alguma contribuição na composição de novos saberes, não sei? Estes desdobramentos não me pertencem, cada um usa , aproveita e valoriza o que vê como bem quer ou consegue.
Para encerrar não vou pedir desculpas pelo calor dessas escritas se por algum acaso esbarrem em feridas de outros e lhe causem dor.
Pedirei perdão, pois só quem assume os lados de nossa miséria existencial tem compaixão pelas esferas da miséria do outro.
Desculpas são ações voltadas a cortesia, as boas maneiras sociais. Pertencem as esferas das duplas mensagens, terceiras intenções.
O atual Dalai Lama em uma entrevista , um repórter de modo capcioso lhe pergunta: -“ O Sr. Refere-se a compaixão, então como vê a questão de sentir compaixão pelo exercito chinês que cometeu e comete tantas atrocidades com povo tibetano?
Com sua costumeira paz e sabedoria responde: “ Tenho compaixão pelo ser humano pois entendo e reconheço a miséria da prisão existêncial em que se encontram , no entando não confunda isto com a ação destrutiva , esta tem de ser combatida?
Perdão pelo drama ou comédia aqui exposto, nomeamos as situações de dramáticas e cômicas para podemos lidar com nossas reações e sentimentos perante a vida e suportá-las , bancá-las energeticamente.
Podem estar certos, agora estou rindo e chorando com a situação, pois estou presente, mergulhada nelas!

Namastê

A miséria existencial, que nos iguala e nos torna simplesmente humanos!
A honestidade existencial, pequeno Samadhi’s que nos restitui a dignidade humana!

Roseli T. Montanari

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