CANTÃO DE BORACEIA - FOTO ROSELI JAN/10 - AONDE RESIDE O MEU CORAÇÃO

O DASA MAHAVIDYA ENTRA NUM FLUXO DE REEDIÇÃO.AO RELER VÁRIOS ESCRITOS AQUI POSTADOS, FICO PASMA E ENVERGONHADA. TOMO CONSCIÊNCIA DA DIMENSÃO DE MINHAS FACETAS DE MULHER. ALGUMAS BRILHANTES , OUTRAS TENEBROSAS.ENFIM PRESERVO AS TENEBROSAS, POIS NINGUÉM FOGE DO QUE É. E QUEM SABE AO REMEXER NESTES CASTELOS DE AREIA, EU ENFIM CONSIGA SARAR AS MINHAS FERIDAS.



QUANDO ALGO DEIXA DE EXISTIR ....NÃO HÁ O QUE DESCREVER....RESTA A LEMBRANÇA....QUE CADA UM PRESERV

QUANDO ALGO DEIXA DE EXISTIR ....NÃO HÁ O QUE DESCREVER....RESTA A LEMBRANÇA....QUE CADA UM PRESERV

DASA MAHAVIDYA - KAMLA

O DASA MAHAVIDYA
livro de areia
atemporal
tal qual as minhas lembranças.

domingo, 14 de outubro de 2007

A Universalidade da Fêmea

O Tantra estrutura a sociedade nas bases do matriarcado e neste sentido o feminino é reverenciado e assume um lugar de poder e sabedoria. Permeando uma visão de mundo voltado ao natural . Enxergo que a construção desse pensamento , aonde o mundo é permeado de energia. Um universo vivo e pulsante abrangendo as esferas do orgânico e do inorgânico. Refletem no fundo um profundo amor e respeito ao nosso universo, valores hoje tão perdidos em nossa sociedade patriarcal que desumaniza tanto a homens como a mulheres e ameaçam a continuidade da existência do planeta terra.
Ao contatar o tantrismo percebo raízes do pensamento sistêmico, uma rede intrínseca , entrelaçando visões e aspectos antagônicos em um único postulado .Assim como na iconografia de kali aonde vemos encarnadas as energias de fúrias destrutivas a aspectos maternais acolhedores e protetores;da sensualidade da amante a sabedoria divina .
Entre mil faces de mulher , resgata a amplitude da essência feminina tão encarcerada em nossos tempos dentro do pensamento patriarcal aonde se venera apenas emanações unilaterais do feminino: dentro da imagem de santa não cabe a face de puta , guerreira ou sabia e vice-versa.
Embora neste aqui e agora tenha me referido apenas as suas personificações etéreas e destrutivas , nas suas relações com a morte e com os mortos no mundo da cremação . Acredito que isso se deva a este estado de luto existencial em que me encontro , o encontro com Kali remeteu-me a terra da cremação . Onde estou incinerando os meus mortos , espectros de perdas , de sonhos , desejos, de ambições e por fim de uma visão de ver a vida e de amar.
Sabe amigos em meu temor pela morte o que aterrorizava nunca foi o ato de morrer e sim o medo do desconhecido , do devir , da falta de controle sob a decomposição corporal pós-morte .
Refletindo os sentidos subjetivos da cremação, da brutalidade do momento em que instantes deixa-se de existir , remetendo as realidades da morte e do luto.
Aqui no ocidente temos como habito enterrar nossos mortos e venerar e chorar as nossas perdas, na eterna tentativa resgatar o perdido , dando um lugar concreto a ele , construindo cidades de mortos e nos atendo a lutos infinitos.
Desta forma encerro hoje esta viajem ao universo de Kali, desta forma compreendo e cremo o meu caixão e dentro dele todo o meu luto existencial . Vejo que não é por covardia e por falta de capacidade que não recupero o perdido e sim porque ele não mais existe, escolho incinerar o que amei ao assistir e chorar a sua decomposição num luto eterno.
Não sei o que virá por vir neste universo de re-criações e re-destruições , fico na gestação de óvulo pós-morte da Roseli.
Não se engane aqui tem morbidez , bem como vivacidade , pois não há vida sem morte , prazer sem dor , criação sem destruição . E neste sistema , caro amigo, a nossa potencia esta em apenas em ser um navegador . Tanto a vida como a morte, nos escapam por entre os dedos, estão além de nossa vontade , de nossos desejos, a única permissão que nos é dada é a escolha de como viver e morrer.
Então façam uso de suas potencias e vivam e morram ! E retornem a viver e a morrer infinitamente.
Namastê
Rose Montanari
Hum Hreem Hreem Dakshine Kaalika do Hum Kreem Kreem KreemHum Hreem Hreem Swaha do Hum de Kreem Kreem Kre

Um comentário:

andre miolo disse...

gostei do texto. cada dia mais claro essa forma de comunicar. tb concordo contigo sobre esse aspecto da morte e vida. um pouco de morte na vida (afinal só falamos dela em vida)e um pouco de vida na morte (como fazem os mexicanos)
amanhã começa oficialmente minhas férias
eita nóis!!!!
vai vendo o estrago...hehehehe
namastê
bjos
andré