CANTÃO DE BORACEIA - FOTO ROSELI JAN/10 - AONDE RESIDE O MEU CORAÇÃO

O DASA MAHAVIDYA ENTRA NUM FLUXO DE REEDIÇÃO.AO RELER VÁRIOS ESCRITOS AQUI POSTADOS, FICO PASMA E ENVERGONHADA. TOMO CONSCIÊNCIA DA DIMENSÃO DE MINHAS FACETAS DE MULHER. ALGUMAS BRILHANTES , OUTRAS TENEBROSAS.ENFIM PRESERVO AS TENEBROSAS, POIS NINGUÉM FOGE DO QUE É. E QUEM SABE AO REMEXER NESTES CASTELOS DE AREIA, EU ENFIM CONSIGA SARAR AS MINHAS FERIDAS.



QUANDO ALGO DEIXA DE EXISTIR ....NÃO HÁ O QUE DESCREVER....RESTA A LEMBRANÇA....QUE CADA UM PRESERV

QUANDO ALGO DEIXA DE EXISTIR ....NÃO HÁ O QUE DESCREVER....RESTA A LEMBRANÇA....QUE CADA UM PRESERV

DASA MAHAVIDYA - KAMLA

O DASA MAHAVIDYA
livro de areia
atemporal
tal qual as minhas lembranças.

domingo, 30 de dezembro de 2007

A NOIVA PARA UM HOMEM MORTO

1. Noiva para um homem morto
Um rei e uma rainha não tinham filhos, apesar de eles estarem querendo um por ano. A metade da vida deles estava chegndo. Então o rei decidiu orar para o seu reino. Ele iniciou as penitências no meio de um tanque de pedra com 12 jardas, tendo um outro tanque por sobre a sua cabeça. Ele ficou ali por 12 anos e orou pelo senhor Siva.
Então, certo dia, o Senhor Siva disse: “Eu estou agoniado pela devocao deste homem. Estes doze anos pesam em mim. Então irei descer conceder a ele o filho que deseja” .
Siva veio de Kailasa, a Sua montanha morada, onde estava o rei firmente dentro da água. “Venha para fora do tanque!”, disse o Senhor Siva. “Eu irei lhe conceder um filho!”.
“Somente sairei daqui se me garantires a bênçãos. Senão não saio”, respondeu o rei. “Tudo bem, Eu dou minha palavra”, falou Siva; “mas não lhe concederei a bênção aqui. Irei até a sua casa e então lhe concedereu o que deseja”. Siva prometeu visitar o rei, e então cumprir a Sua promessa, colocando a Sua mão por sobre a mão do rei.
“Vá para sua casa agora, e Eu irei até lá amanhã”, falou Siva, e desta forma o rei encerrou a sua penitência, saindo fora da água, indo para casa e dizendo do acontecido para a sua esposa.
“Siva me deu a Sua palavra. Ele virá aqui amanhã, e dará um filho para nós. Lave e limpe todo o palácio, banhe-se, e ofereça adoração. Você deverá estar pronta amanhã de manhã. Também, pegue cinco frutos Uttati”.
Mas a esposa do rei não acreditou nele. Mas o rei insistiu, “Não, isso é verdade. Siva veio pessoalmente até a mim. Você verá”.
A manhã seguinte chegou muito rápida. Siva desceu do céu. Ele estava caminhando na direção do palácio, Ele olhava para Si próprio, a bolsa de esmolas por sobre Seu ombro, a Danda (bastão) na Sua mão, o tridente nas costas. “Como posso ir para o mundo com um visual como este”, Ele pensou, e então se disfarçou de um homem santo, e foi pedindo de lugar em lugar antes de alcançar o palácio. Os comerciantes eram devotados, e deram ao homem santo diamantes, pérolas, e presentes, mas Siva não tocava neles. Ele disse, “O que eu farei com estas pedras? Se você quer, dê-me a gordura de uma pulga e a gordura de um percevejo. Eu gostaria disso”. Os comerciantes responderam, “Onde iremos encontrar gordura em pulgas e percevejos?”. Neste meio tempo, Siva dançava e pulava nos céus. Ele dançava como um pavão. Mas Ele não tinha pegado nada, e pedia apenas pela gordura de pulgas e percevejos, o que os comerciantes não podiam dar. Então Ele pulou do mercado até o palácio.
2. Bênçãos de Siva
O rei e a rainha estavam esperando. Eles lavaram os pés de Siva. Então o Senhor Siva deu duas nozes de Betel para a rainha, tirando da Sua cintura e disse: “Isso é para você. Eu sei que você quer uma criança. Como é que você quer? Um filho esperto que viva apenas doze anos, ou um idiota que viva cem anos?” Ela respondeu, “O que farei com um filho idiota? Ele tem que governar este reino. Dê-me um filho inteligente por doze anos”. Siva respondeu, “Pense bem. Ele irá viver apenas por 12 anos, nem um dia a mais. Uma vez que fizer a sua escolha, nada poderá mudá-la. Pense bem!”. “Eu sei o que eu quero”, disse a rainha. “Um filho esperto. Dê ele para mim. Eu não quero esperar mais”.
Então Siva concedeu um filho inteligente para ela, e que viveria somente doze anos. As regras da rainha pararam, e ela ficou grávida, dando a luz ao seu filho no nono mês. Siva disse que a imagem de um tigre iria matá-lo no dia do seu décimo segundo aniversário. Os astrólogos viram tal acontecimento nos mapas, e advertiram os pais sobre isso.
O jovem crescia alegre e bonito; ele costumava ir jogar bola junto com as pessoas. As meninas iam atrás, e no rio jogavam água nele e diziam: “Você é o filho do rei. O que está havendo com você? Jogando bola com meninos comuns! Como o príncipe do reino, você deve ir à floresta e caçar leões, tigres, e coisa semelhante. Assim você será um verdadeiro príncipe”.
Quando ele ouviu isso pegou a sua bola e foi para casa, e dizendo para a sua mãe: “Por que qualquer um me diz o que um príncipe tem que fazer? Agora estou indo para a floresta caçar leões e tigres”.
A mãe ficou em pânico ao escutar isso. Ela lembrou-se imediatamente da profecia e disse: “Meu menino, você tem apenas doze anos. Não pense em caçar animais selvagens. Você não tem companheiros de jogo? Então iremos encontrar alguém”.
Mas o rapaz estava obstinado e não quis escutar a sua mãe. ele chamou pelos servos, o cocheiro, e preparou-se para caçar. A mãe, então, disse-lhe: “Pelo menos espere até que eu consulte os presságios”. Então ela foi consultar os bons presságios, mas tudo o que encontrou foi um vendedor de óleo, pessoas carregando picaretas e pás, considerado maus presságios. Ela voltou para casa e tentou parar o rapaz.
“Eu vejo apenas maus presságios em todos os lugares. Não vá, meu filho. Você poderá ir amanhã”, ela implorou. Ela chorou e implorou para o rapaz, mas ele já havia saído da porta. “Veja, mãe, eu já estou do lado de fora. Nenhum príncipe real dá um passo de volta. Peço suas bênçãos, eu voltarei para casa seguro. Você verá”, disse o rapaz tocando os pés da mãe em sinal de respeito, e indo para a floresta. Nesta ocasião, ele havia completado 12 anos. Sua tia e tio o seguiram, juntando-se a ele na caçada.
3. O destino se cumpre
A caçada fora um sucesso. O rapaz caçou muitos tigres, e leões, e as aves de rapina se jogavam nas carcaças; então colocaram tudo na carroça e levaram para casa. Quando a perturbada mãe viu a carroça vindo para o quintal palácio, cheia de animais flechados pelo seu filho, seu coração reviveu. O cocheiro disse: “O príncipe enviou isso para a sua alegria, e que então pare de sofrer por ele. logo ele estará vindo”.
“Ó Siva!”, ela disse aliviada e feliz, “Que autêntico é meu filho, ele caçou muitos leões e tigres já na primeira vez. Eles disseram que um tigre iria matá-lo. Eles tinham medo até mesmo de imagens de tigre, e removeram todas as imagens que tinham no palácio tendo-as. Como isso é ridículo”.
Enquanto ela exclamava isso em êxtase, o príncipe tinha terminado a caçada e estava retornando para casa. No caminho, ele alcançou o templo da família, e manifestou a intenção de adorar pela sua primeira aventura. Tão logo ele falou isso, seu tio apressou-se diante dele. Havia muitas imagens nas paredes do templo, e ele sabia que não poderia parar o seu sobrinho de fazer o que quisesse. Então ele sujou as pinturas com lodo, e pediu que os servos sustentassem cortinas em cada lado do príncipe, tão logo ele entrasse no templo.
“Não olhe ao redor, dispersando-se. Siga direto para a imagem de deus, curve-se diante dela, e então volte para casa. Já é tarde”, disse o tio. Mas o rapaz escutou? Ele prostrou-se diante da imagem de Deus, virando as costas e viu as cortinas. Impacientemente, ele choramingou e disse: “Por que estão segurando estas cortinas? Você teme que irei morrer? Eu matei sete tigres hoje, lembra-se?”
Jogando as cortinas no chão, ele viu tigres, tigres em todos os lados. Eles tinham suas bocas rosadas, abertas, nas paredes do templo. Quando ele viu as línguas vermelhas dos tigres vindo na direção dele, ele ficou tonto, e então desmaiou, morrendo em seguida.
Seu tio chorou e todos então retiraram o corpo do templo, levando-o para casa, dizendo: “Ó Siva, eu trouxe meu sobrinho em segurança até este ponto, e mesmo assim não pude salvá-lo. Minha irmã concebeu o seu filho em idade avança, e depois de muitas dificuldades. Agora ele está morto. O que eu farei?”
A mãe, escutando isso, correu chorando. “Ó Siva, você cumpriu a sua promessa, como tinha dito que ocorreria. Após matar tigres verdadeiros, ele foi morto por uma pintura... eu esperava vê-lo casado. Mesmo agora eu desejo isso. Não iremos enterrá-lo sem que antes achemos uma noiva para ele”, disse a mãe do príncipe, estando muito triste.
4. A procura de uma noiva para o morto
E enquanto estava sendo preparado o enterro do corpo, bem como a carruagem para a última procissão do féretro, ela enviou uma carruagem de ouro puxada por camelos e com mensageiros: eles tinham que encontrar uma noiva, qualquer que fosse, para o príncipe.
A carruagem foi de rua em rua, de local em local, anunciando ruidosamente que estavam a procura de uma noiva para o príncipe morto. Finalmente, os mensageiros encontraram um Brahmin que tinha uma filha com doze anos de idade, que era chamada Chennavva. A pobreza da família saltava os olhos. Eles disseram para o pobre homem: “Dê-nos a sua filha. Nós descarregaremos este ouro aqui”.
Ele concordou e deu a filha para eles. No mesmo momento, a mãe da menina começou a chorar. Ela trouxe um pouco de óleo num copo, algum tumerique, pegou a sua filha e deu a ela o banho ritual, chorando o tempo todo, e disse: “Ó filha, viuvez não é para ti. Como pode isso. Você somente tem 12 anos de idade?”
Então a mãe vestiu a mocinha com roupas limpas, colocando as marcas auspiciosas de tumerique e vermelhão na testa, abençoando-a, dizendo: “Que você seja como Savitri. Que você mantenha seu marido”. E enviou-a com os mensageiros.
Galopando, eles chegaram no local do palácio, onde ela seria casada numa cerimônia apropriada, para o rapaz morto. Como qualquer noiva, eles colocaram as marcas auspiciosas (Tilak) com tumerique e vermelhão, na sua face de noiva; jogaram arroz, colocando a guirlanda de noiva ao redor do seu pescoço.
Quando chegou a hora de enterrar o corpo morto, e o levar embora dali, eles esperaram que ela ficasse atrás. Mas ela recusou-se a ficar atrás. Firmemente, ela disse: “Eu irei com meu marido. Me queimem com ele. que proósito há de viver sem ele?”. Dizendo isso, ela sentou-se junto ao corpo e foi levada junto com ele.
. Uma grande TapasiaTão logo eles alcançaram o local da cremação, uma violenta tempestada caiu por sobre eles. Se caísse mais água por sobre a Terra ela seria inundada. Todos procuraram abrigo do vento e da chuva. O corpo morto ficou socinho, e Chennavva agarrou-se a ele. a noite estava escura, e o local era um lúgubre espaço de enterros, mas ela ficou ali com o corpo morto.
“O que eu deverei fazer? Este é meu dote”, ela disse. Ela estava encharcada e o seu corpo coberto pela lama fria. Então ela se sentou e raspou o lodo, e aos poucos foi moldando uma imagem de Siva com o lodo que saia, construindo uma imagem do Senhor. Então ela ficou diante da imagem de Siva e cantou canções, adorando a imagem com as flores que pegara do corpo morto. Na medida em que ela cantava e adorava a imagem foi tomando a forma de um touro e tomou plena vida. Ele erguu-se, bufou, e caminhou. Ele disse, “Chennavva, sua devoção é grande. Eu gostaria de fazer algo para você”.
O touro foi até o céu e implorou para o Senhor Siva, “Senhor, devolva a vida do marido de Chennava. Deve dá-la em casamento para ele. O Senhor deve”. “ Caro touro”, disse o Senhor Siva, “estás totalmente tocado por Chennavva. Nós não podemos trazer de volta a vida. Espere, deixe enviar um tigre a ela, e veremos o que ela faz”.
Então o Senhor Siva enviou um tigre para Chennavva. Imediatamente, ela ficou de pé atrás do ataúde do marido morte, estendendo as mãos para o tigre orado, “Não o coma, mas coma a mim”.
Isso agradou muito o tigre também, no que se ouviu: “Nós iremos trazer Siva pessoalmente. Você é muito bondosa para nós”.
O tigre foi até o Senhor Siva e disse, “Ó Siva, deves trazer de volta o marido de Chennavva à vida”.
Ouvindo isso, o Senhor Siva enviou leões, grifões, e demônios, pensando que ela iria temê-los. Quando todos eles voltaram, estavam muito agradados com ela. Então, o Senhor Siva resolveu descer em pessoa, e ver como ela era. Ele pegou a sua bolsa de esmolas, sua bengala, e foi diante dela pedir esmolas. “O que poderei dar para este mendigo, sentada aqui nesta área funeral?”, ela pensou, entoa ela pegou a coisa mais preciosa que tinha, a coroa de casamento, com o pendente de ouro (Tali), e colocou na bolsa de esmolas do mendigo.
“O que é isso, você está dando para mim a Tali de casamento. Você não tem outra coisa?”, perguntou atônito o Senhor Siva.
Ele disse, “Não, senhor. Isso é tudo que tenho. O que mais eu poderia ter, sentada aqui no solo funerário?”
Siva ficou tocado. Ele amarrou o Tali atrás do Seu pescoço, soprando vida no corpo do morto, e voltou para o céu. O jovem príncipe despertou do seu longo sono. O feliz casal falou toda a noite, apesar de ter amanhecido cinzento pela manhã. Eles tiverem muito do que falar.
As pessoas haviam ficado preocupadas com o corpo e a menina de 12 anos que haviam ficado na chuva. Tão logo a chuva passou, eles correram com luzes. Eles encontraram os dois conversando. Assim ficaram sabendo do que havia acontecido, maravilhando-se com as virtudes de Chennavva, e da forma como ela tinha trazido de volta a vida do seu marido. Os pais foram chamados, e então colocaram um coco na cova e a fecharam. A noiva e o noivo foram carregados de volta sob palanquins para palácio, e um novo casamento foi arranjado.
Quando chegou a hora de a noiva dar a oferenda de Bhagina (caixa com itens sagrados) para seus pais, Chennavva disse, “Ninguém toque no Bhagina agora. Não tenho a intenção de dar para ninguém agora. Eu irei dar para a deusa Ganga”, e levou o Bhagina para o rio.
Quando o casamento ocorreu pela primeira vez, ninguém recebeu a noiva com presentes como deveriam ter feito. Todos fecharam as portas diante dela. Por que deveria ela dar o Bagina para qualquer um? “Eu me casei com um noivo morto, e ninguém pensou em mim então. Agora eu me casei com alguém vivo; eu darei o Bagina para a deusa Ganga”, e assim ofereceu todo para o Ganga. Depois retornou para a cerimônia de casamento, vivendo feliz com seu marido e parentes.
Nota: neste conto estão presentes aspectos do Markandeya Purna e da história de Savitri, e são amplamente contados na Índia.

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